o peido de Almodovar


Aproveitando ainda Saura, Carmen, flamenco e a passionalidade espanhola é muito interessante assistir algo deste povo tão intenso. Suas obras, sejam elas em artes plásticas, sejam elas literárias, sempre são firmes na paixão, no sofrimento e no verdadeiro tom das coisas. Seja com Almodovar que pincela em nossas mentes idéias as vezes indecorosas porém que nos fazem ficar na fila horas para apreciá-las. Seja Saura com a sua técnica e ênfase nas culturas regionais, na música, como em Tangos, Carmen ou mesmo o mais recente Fados. E claro, sem esquecer Bigas Luna, que faz tetas correndo atrás de pessoas na lua cheia, espirrando como se fosse um mal castigo o leite materno. Eles são intensos e mostram a razão. Seja em Gaudi que parecem obras em fase de acabamento de primeiro momento mas depois você percebe que você que foi além do que não precisava ir. Seja no mais recente calendário dos santos transexuais que mexeram com a cúpula da tão enfadonha igreja católica. O espanhol sofre e faz você querer estar ali do lado para sentir igual. Seja com uma linda cena do filme Volver, de Almodovar, aonde a maravilhosa Carmen Maura é lembrada pelo cheiro de um peido por sua filha a não menos maravilhosa Penelope Cruz. Eles brincam com sentimentos próprios para conquistar o sentimento alheio. Eles riem deles próprios para que você traga para o seu cotidiano algo igual e divertido, mesmo que seja no fundo do poço de um sentimento. E a luz de suas cenas? O papel de parede que te remete até a sua infância na casa de sua avó? Cada personagem, cada cenário, cada diálogo nos faz sentir que o inferno existe e que vivemos num grande vulcão de emoções, sempre preste a explodir e jogar merda para todos os lados... sejamos passionais também....