O tempo nas coisas...


Você vai assistir Miss Saigon quando se esta apaixonado e correndo atrás de um amor... Bingo... perfeito... chore até cair com cada cena... No cinema resolve assistir um filme do Kurosawa quando acabou de discutir com o seu Chefe no trabalho... Nem o pobre velhinho japonês conseguiria com espada fazer você sentir as suas cores e formas de seus filmes... Você está se sentindo o último dos moicanos pois nada acontece de bom na sua vida e vai assistir o filme, o assassino da serra elétrica. Aproveita e nem sai do cinema.

As vezes não percebemos o que nos acontece no tempo de vermos e sentirmos as coisas ali naquele exato momento.

Uma vez peguei um filme chamado Tangos do cineasta espanhol Carlos Saura, após um dia nada bom no trabalho seguido de trocentas horas de trânsito até o cinema. Claro, dormi no filme e sai resmungando que o filme não era bom.

Anos depois em outro momento aluguei o filme e assisti numa situação bem mais relaxante e muito bem acompanhado. Foi um dos melhores filmes da minha vida...

Quando vou assistir um espetáculo no Teatro Municipal ou na Sala São Paulo, tomo uma taça de champagne antes de começar. Além é claro desta bebida ser uma das minhas prediletas para qualquer ocasião, faço isto para que eu possa desacelarar e relaxar para poder estar no tempo do que eu estarei assistindo.

Pois se saímos de um lado da cidade até outro para ver um espetáculo como uma ópera ou mesmo um outro evento, chegamos todo esbaforidos. Xingando a oitava geração dos manobristas e da moleza dos pega tickets... E se ainda atrasados, sentamos nas poltronas de épocas como se estivéssemos sentando num ônibus dando graças a Deus pois a viagem será de certa forma longa.

E agora eu pergunto que graça acharíamos no que fomos assistir? Tendo até a possibilidade de dar alguns cochilos...

Mas isso não acontece somente numa sala de espetáculo porém também em outros momentos de nossas vidas. Aonde não estamos no tempo certo para a coisa certa. Seja para conhecer alguém ou mesmo para um lazer.

Como ser ou fazer? Talvez tenhamos que ser um pouco mais estratégicos em cada situação que nos encontrarmos. Seja num simples momento de ver um filme ou mesmo de se comunicar com alguém.

Sinta até aonde você quer chegar sem ser intempestivo nos primeiros momentos...

Não se irritar se aquele filme que todo mundo diz que é bom e você vê apenas como um livro de auto ajuda que simplesmente te manda fazer coisas para ser feliz.

Eu não acredito em nada que me mande e me imponha. Prefiro aqueles que me convençam. Me levem para o seu lado e que me iludam de alguma forma. Mesmo que depois assumam que os meios não correspondem ao objetivo final.

Já comentei que já vivemos carregados de coisas que nos deram e nos impuseram por toda a vida... e outras... vidas... E muitas destas coisas não mais nos pertencem e apenas nos esquecemos de nos atualizar a respeito.

Então antes de disperdiçar uma oportunidade que poderá ser a única, se dê a chance de se ver fazendo aquilo... Se não for exatamente naquele momento, que seja num futuro próximo.

Não se defenda como se estivessem mandando você para a guerra... Apenas observe e não seja tão radical em dizer não sem pensar sequer na mínima possibilidade... Pois você pode estar naqueles dias que não quer nem ver a si próprio no espelho. E aí? O que faria?